edge, 2021
PT
Nas imagens de edge vemos pessoas na beira de uma falésia, em actividades lúdicas, observando uma vista ampla em direcção ao mar. As fotografias são realizadas a uma grande distância, fazendo com que as personagens que existem neste trabalho, estejam alheadas do facto de que participam como performers acidentais neste projecto.
Os gestos dos personagens são diversos, mas produzem em conjunto uma ideia de suspensão no tempo e no limite de uma geografia. Não sabemos onde é esta falésia, mas isso pouco importa. Aqui importa mais pensar numa emancipação da geologia. O movimento de deslocação para este local, gerado pela força de atração para um espaço amplo e lúdico, contem em si o seu oposto, a descontinuidade física que obriga a uma paragem.
Os estratos da falésia apontam para um tempo geológico muito longo, o tempo da criação do seu substrato, mas também o subsequente tempo da sua erosão e consequente revelação. Aqui os elementos telúricos constituem-se como contexto para a inescapável realidade do facto que estamos, colectivamente, no limiar de um novo tempo. Estas imagens são uma metáfora da condição humana contemporânea. Esta paragem no limite aponta para o salto existencial que a humanidade terá que realizar no presente e que parece hesitante em concretizar.
EN
In the edge images, we see people on the edge of a cliff, engaged in leisurely activities, observing a wide view towards the sea. The photographs are taken from a great distance, making the characters in this work unaware that they are accidental performers in the project.
The gestures of the characters are diverse, but together they produce a sense of suspension in time and at the edge of a geography. We don’t know where this cliff is, but that hardly matters. What matters here is more about considering an emancipation from geology. The movement toward this place, driven by the attraction to a vast, playful space, contains within it its opposite—the physical discontinuity that forces a pause.
The strata of the cliff point to a very long geological time, the time of the creation of its substrate, but also the subsequent time of its erosion and eventual revelation. Here, the telluric elements form the context for the inescapable reality that we are collectively on the threshold of a new era. These images are a metaphor for the contemporary human condition. This pause at the edge points to the existential leap that humanity must make in the present, one it seems hesitant to take.
Bruno Pelletier Sequeira, Março 2021
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